quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Experiências com as drogas

Quero que você preste muita atenção....não quero ver você nessa situação...

Experiências com as drogas

Depoimento emocionado de Luiz Fernando Veríssimo sobre sua experiência com
as Drogas.

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo
de " experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui na
dele.

Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra, que
não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó e em
seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira;

Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais frequente,
comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me
ofereceu um CD de Axé.

Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... Banda Eva, Cheiro de
Amor, Netinho, etc.

Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores: o Tchan, Companhia
do Pagode e muito mais.

Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo
mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca
havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do
Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão
do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia
por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e
você começa a querer cada vez mais, mais, mais...Comecei a frequentar o
submundo e correr atrás das paradas.

Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro
dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha
o Rodriguinho na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de
loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus
polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de
positivo.

Não deu outra: entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros
viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12
infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos
sinais combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e
pedi a Coletânea As melhores do Molejo". Foi terrível!! Eu já não pensava
mais!!!

Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras
pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas
a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da
condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC
Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas. Comecei a ter delírio e a dizer
coisas sem sentido.

Quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos
obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais
estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras...
Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser
dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a
única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo
muito duro: doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues.
Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo
a Mozarth e Bach. Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas
a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no
dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão
para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar
drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante.

Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher cabeça
com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que
é droga ou não, faça o seguinte:

* Não ligue a TV no domingo à tarde;
* Não escute nada qu e venha de Goiânia ou do interior de São Paulo;
* Não entre em carros com adesivos "Fui.....";
* Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da
Hebe ou ao Sábado do Gugu;
* Mulheres gritando histericamente são outro indício;
* Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
* Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;
* Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo;
* Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no
Brasil, e
* Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal
mínima.

Mas principalmente, duvide de tudo e de todos.
A vida é bela!!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!

Luis Fernando Verissimo

3 comentários:

  1. Maravilha de texto! Passei para deixar um abraço inteiro pelo reconhecimento do seu belo coment. Vou voltar muitas vezes.

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  2. Veríssimo é Deus, como Clapton com a guitarra, ele é Deus...

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  3. Boa! Texto excelente!
    Realmente, as drogas se disseminam cada vez mais rápido pelas bancas de revistas, prêmios de música, programas de tv...
    Depois de uma febre meio depressiva, uma colorida, outras de fruta, e por ai vai..
    Tratamento de choque é pouco!
    :D

    Ps: obrigada pelo comentario! E quanto ao dom, 'sentir' a musica é sem duvida um grande dom!

    ;*

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